sábado, 26 de março de 2011

COLÉGIO ENCANTO

Trabalho de Geografia.
Alunos: Mariana Trigueiro , Mariana Coelho , Brenda Joyce , João Victor e Vítor Fabiano

O alcance e a profundidade das transformações e reformas produzidas pelo
atual governo brasileiro são objetos de numerosas controvérsias. Todavia, há um
consenso: é no campo internacional que as novidades são as mais numerosas
fazendo com que a política externa se transforme em tema de candente debate
público.
Esta ebulição intelectual constitui novidade. Até então estes assuntos somente
interessavam à uma ínfima elite esclarecida. Além do mais, os temas internacionais
foram incluídos na agenda dos partidos políticos e parece que estarão no centro do
debate das futuras campanhas eleitorais. Esta situação pode ser interpretada de duas
maneiras: ou as mudanças na atuação externa brasileira são efetivamente
significativas e merecem a atenção dos intelectuais e dos partidos; ou a importância
dos temas exógenos é tamanha que condiciona a própria disputa eleitoral e o futuro do
país. Em qualquer das hipóteses, constata-se uma nítida e inédita tendência à
internacionalização da política doméstica.

1) A insatisfação com o sistema político internacional
No plano da política multilateral o Brasil opera com dois objetivos. O primeiro –
caracterizado por um espírito reformista – esforça-se em sugerir mudanças na
estrutura de poder das organizações internacionais, especialmente nas Nações
Unidas (ONU). O segundo oferece a contribuição objetiva e prática do país nas
operações de paz das Nações Unidas. O exemplo é a participação brasileira na força
de estabilização que opera no Haiti.

2) Exemplos de uma nova cultura diplomática
Entre diversas situações, três casos exemplificam :  O respeito ao princípio da reciprocidade – A imposição de novas regras para o ingresso dos estrangeiros, inclusive os cidadãos brasileiros, no território dos Estados Unidos não deixou nenhuma margem de manobras transformações ocorridas na condução diplomática brasileira. A supressão do caráter eliminatório do inglês para o acesso à carreira diplomática – A medida adotada pelo Instituto Rio Branco é positiva embora tardia. Positiva na medida em que ela é republicana ao colocar um termo aos privilégios concedidos aos familiares de diplomatas na escolha dos candidatos à carreira
diplomática. Tardia porque somente nestes últimos anos surgiram modificações de acesso à carreira diplomática que tendem diminuir o caráter de domínio reservado dessa importante função de Estado. A crise com a Bolívia – A reação do governo brasileiro à nacionalização do
gás boliviano foi adequada e contempla a defesa de nossos interesses nacionais.


3) O equilíbrio do atual relacionamento externo brasileiro
Ao contrário do que sugere uma abordagem superficial, a atuação externa é marcada por grande equilíbrio entre os países industrializados e os em desenvolvimento. Tanto as trocas comerciais quanto as visitas de Estado imprimem um caráter ecumênico ao nosso relacionamento externo. Neste sentido, a atenção voltada às relações com os Estados meridionais demonstram, antes de tudo, uma preocupação em ocupar espaços outrora abandonados pelo Itamaraty

Conclusão:

Em outubro de 2002, em plena campanha presidencial, o Presidente Cardoso convidou os candidatos à sua sucessão a uma reunião no Palácio do Planalto. A iniciativa inédita na história republicana abrigava uma clara intenção: a economia brasileira encontrava-se em delicada situação e o Governo havia concluído um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Como os compromissos assumidos pelo Brasil teriam efeitos para além do mandato de Cardoso, o FMI exigiu a aprovação dos pretendentes presidenciais.
O candidato Lula aprovou o acordo e comprometeu-se respeitá-lo caso eleito fosse. Este compromisso condicionou sua política econômica e marcou as relações exteriores de seu governo. Não haveria ruptura brusca de contratos e de compromissos. A essência do plano de estabilização econômica e de nossas relações exteriores não seria contestada. Caso houvesse mudanças, elas ocorreriam somente nos aspectos secundários de nossas relações internacionais.
O caminho percorrido no campo internacional pela presidência Lula difere do escolhido por Chávez e por Kierchner. Brasília optou por rupturas marginais ao mesmo tempo em que confirmou nossa inserção no Ocidente. Esta ruptura na continuidade nas relações exteriores é o reflexo da imagem de sua ação interna, ou seja, reformista. Ela identifica imperfeições, contradições e injustiças no sistema internacional. Contudo não pretende revolucioná-lo. Existe uma clara percepção que o sistema internacional pode ser aperfeiçoado. Esta será uma das missões da nova diplomacia. O interesse que desperta a diplomacia do novo governo decorre do fato que o Brasil tem uma tradição assentada, marcada por um alinhamento aos Estados Unidos, por um baixo perfil no sistema internacional, por uma atitude moderada – que se transformou por vezes em oposição aberta – frente às críticas dos países em desenvolvimento ao sistema internacional e por uma desconfiança, matizada por ceticismo, do que pode advir do mundo hispano-americano.
O Brasil sempre acreditou que poderia safar-se do intrincado e duro jogo internacional através de relações especiais com certos pólos de poder. Ele escolheu, ao longo de sua história, alguns pontos de contato preferenciais: o Chile na América do Sul; os Estados Unidos no Novo Mundo; a Alemanha na Europa e o Japão na Ásia.
Ora a diplomacia ecumênica de Lula colocou em questão a simplicidade e a parcialidade desta visão. Contudo, não estamos assistindo ao « ano zero » da diplomacia brasileira, como pretende fazer crer a oposição. O que há é simplesmente a manifestação de forças sociais novas que encontraram um porta-voz com ampla legitimidade para expressar uma maneira distinta no enfrentamento dos desafios internacionais. Todavia, três questões devem ser colocadas. Ao acumular riscos, o ativismo diplomático não traz consigo a possibilidade de tornar menos eficaz a ação externa do país? No que diz respeito à estratégia brasileira de contestação da ordem política e securitária internacionais, ela não conduz o país a enganar-se de combate? Serão as questões vinculadas à grande política internacional que devem interessar ao país e ao mundo em desenvolvimento ou, ao contrário, não devemos lutar por uma maior eficácia da cooperação sócio-econômica, científica e cultural – as únicas capazes de resgatar condições de vida digna para as populações dos países meridionais? Enfim, quais serão, para a diplomacia lulista, as conseqüências da crise que abala, desde abril de 2005, as instituições brasileiras, o seu governo e o seu partido? Como nas questões internacionais a imagem e a palavra possuem importância capital, é possível que a margem de manobra desta diplomacia tenda a diminuir.
Todavia, será interessante analisar – em caso de um segundo mandato – quais serão os limites e os resultados desta diplomacia ousada conduzida por um ator, certamente ainda marginal no sistema internacional, mas decidido inverter a perspectiva estratégica que o orienta desde a aurora da independência.

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